O legado de Dom Helder

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"Quando dou de comer aos pobres, chamam-me santo, quando respondo porque é que os pobres têm fome - chamam-me comunista": foi assim que dom Helder resumiu suas dificuldades com as autoridades políticas e religiosas, quando era contestado a propósito de sua obra social e profética em favor de uma maior igualdade e justiça no país e dentro da Igreja. Não raramente se referiam a ele como o "bispo vermelho", especialmente nos duros tempos da ditadura. 
Igreja da Sé- Olinda, onde está o seu túmulo


  Dom Helder Câmara teve a coragem de enfrentar tanto os algozes do regime militar como as forças conservadoras dentro da hierarquia da qual fez parte.
Jamais perguntou se os perseguidos políticos que defendia eram católicos, protestantes, judeus ou ateus: defendia-os não por um sentimento corporativo, mas sobretudo porque nele os valores humanos - e cristãos - estavam enraizados demais para fazer esta distinção. Alguém já disse que é fácil amar ao amigo, muito mais difícil é amar àquele que nos contesta e dom Helder foi capaz deste amor incondicional, a ponto de colocar a vida e a segurança em risco.



Sobre Dom Helder

Dom Helder nasceu em Fortaleza (CE), no dia 7 de fevereiro de 1909 e faleceu no dia 28 de agosto de 1999, como arcebispo emérito de Olinda e Recife (PE).

Desde sua juventude Dom Helder mostrou sua determinação e comprometimento com as realidades sociais. Foi ordenado sacerdote com apenas 22 anos de idade, após autorização especial da Santa Sé e aos 43 já era bispo auxiliar do Rio de Janeiro.

No dia 12 de março de 1964 foi designado para ser arcebispo de Olinda e Recife (PE), função que exerceu até 2 de abril de 1985.  


Frases famosas de D. Helder:

1 comentários:

Anônimo disse... [Responder Comentário]

GOTA D’ÁGUA
(para Dom Helder Câmara)

Por certo,
ao saber que o relógio marca
o tempo da paciência,
ele tinha o dom de lutar
e a linguagem dos pobres falar.

Reconhecendo a urgência do momento,
era preciso libertar da tortura da fome,
o Brasil dos excluídos.

Uma gota d’água pode salvar
a sinfonia destes dois mundos,
e reconciliar a Igreja
com o terceiro mundo.

Abençoados os que cultivam a coragem,
na terra onde a voz é fraca e melancólica
e se perde com detalhes insignificantes.

Abençoados os que espremem
cada gota de vida em favor
das almas desfavorecidas,
para que cessem as lágrimas dos órfãos.

Neste solo estrangeiro, Dom Helder,
cidadão de outro reino, alma flamenga,
enxergava outro mundo, do lado de fora
da sua janela... desperta Igreja!

Regina Rousseau