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Cotidianamente

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Cotidianamente
Escolho seguir sempre
O mesmo caminho!
E  nunca volto atrás.
Prefiro seguir em frente:

Me alimentando de amor
Preenchendo canteiros
Vasculhando reminiscências
Com palavras, pensamentos
Outorgando frequentemente
A vida no seu esplendor!

Pois, cada estrada é terra que habito
Cada flor tem o perfume da beleza
Cada amor o mesmo sentimento
Cada lembrança uma saudade
Cada caminho, uma nova certeza.
Cada dia um novo renascimento!

(by poeta Genésio Cavalcanti in  Noites Ensolaradas)


Assim vou vivendo

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Assim vou vivendo
Um novo dia novinho
Cheio de paz, alegrias!

O ontem? De que me importa?
Deixemos os ontens de lado!

Eu quero saber do hoje
Do hoje que se espalha leve
Sereno, feito de calmaria.

Do ontem, não...

Prefiro minha mente livre, absorta
Perdida em lembranças
Deslizando em outra sintonia!


Genésio Cavalcanti

Gente da minha terra

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O negro céu ainda esconde o raiar de um novo dia. A noite exibe risonha a madrugada escancarada. No céu, uma névoa encobre parte de uma cidade esquecida na bruma do tempo. O homem cutuca a mulher que se encolhe e vira resmungando. Fazendo esforço para manter-se de pé, ele levanta-se temendo estar atrasado. O bom e velho despertador deve estar caducando, nunca se atrasa, pensa... ele. A essa altura, já deveria ter cantando por três vezes.

 Caminha ainda trôpego, acende o bico de luz, dirigi-se para a porta dos fundos da casa, ao abri-la depara-se com o amigo estirado no terreiro. Morrera o galo das noite em vigília. Suspende-o pelas asas, examina-o diagnosticando-o :! “ deve de ter sido de gogo, mal que assola a raça!” Em seguida chama por sua Maria, que prontamente levanta-se e vai ao seu encontro. Mostra a ave inerte pendurada pelas asas a ela, que contém-se do choro com os olhos rasos d’agua.

A mulher acende o fogo de lenha, coloca o bule verde florido, retinto de tisna de carvão, sopra e abana, espantando piaba, seu cachorro magricela e rabugento, porém de muita estima, para focinhar o amigo das brincadeiras terreiras.

Seu João senta-se no tronco de madeira apodrecida e prepara o cigarro com o fumo de corda, colocando-o entre os lábios murchos de banguela.
O gole de café fervente faz descer o pedaço de pão adormecido por dias. Alimentado, cava com sua enxada três palmos de terra, ajoelha-se e enterra a tão estimada ave. Ainda era criança quando recebeu de presente de seu pai, o tão querido galo. Cobria quantas galinhas desejasse. E não era por demasia que lhe apetecesse. Disposto e brigador. Naquele pedaço de terra, outro galo jamais se arriscaria a cantar de galo... Defendia seu paraíso com unhas e bico. Certa vez, até uma cobra de duas cabeças, enfrentara, ciscando-lhe e bicando-lhe, matou-a! Chamava-se Chico, negro de asas, brigador de nascença. Discussão com a vizinhança só quando se excedia nos cantos alvorescentes.

No velho pardeeiro, desteme-se a picada do barbeiro. O que causa angústia e medo é a fome, pois desta ninguém escapa. O homem dá os últimos retoques na indumentária que o protege diariamente do sol inclemente e do pêlo da palha da cana-de-açúcar , que na melhor das hipóteses, causa-lhe prurido e alergias: camisa longa atacada até o pescoço, meias que calçam pés, servem para abrigar mãos e braços, calça jeans remendada, o velho chapéu de palha puído, a bota Sete Léguas; sem esquecer da quartinha com água do pote e principalmente da bóia escaldada e fria, recheada de pimenta malagueta e por último, o fumo para mascar quando o tempo se fizer de lerdo. Adepto de prática religiosa, benze-se três vezes, e agradece reverenciando a Deus, tirando o chapéu.

Despede-se dos quatro filhos menores que se amontoam num estrado ao lado da cama de casal. Olha para a mulher que já pendura no ventre outra cria e vai saindo, e já espreitava a porta, quando pára para escutá-la: “Deus te ilumine, te leve e te traga!” Maria, ainda é uma mulher nova: tem peitos grandes, que lhe tremem a miúda blusa. Peitos que incessantemente alimentam. Seios fartos e fé, não lhe faltam. É devota de vários santos. Pra cada doença, se agarra a um: Santo Expedito, Santo Amaro, São Benedito. Mais tem um que é o seu favorito: Padim Ciço Romão Batista do Juazeiro.

O destemido homem, enverga nos costados a foice, instrumento de sua labuta e célere desce a ladeira escorregadia, encharcada do barro misturado às poças d’agua. É uma sexta feira de um mês chuvoso, de qualquer que seja o ano. É a vida que lhe cabe!

Para este homem, não existe perspectivas. Sua vida é marcada sem lampejos de futuro. Sem histórias de passado.
Mais à frente, encontra-se uma legião de amigos que aguardam pacientemente o caminhão para transportá-los a quilômetros dali.
O tempo é comprido e longo, sem contas, sem queixas, sem reclamos, não há o que bradar. Nas mãos dos que enganam, roubam-lhe no peso das toneladas de cana cortadas, ou furtam-lhe nos metros medidos pelo cabo. O que fazer? A quem A quem apelar?

No infinito, o olhar percorre o firmamento, inatingível, impassível. Ergue novamente, no partido de cana, a foice que rompe desafios, nem ao menos sente a hora avançar. A cada foiçada, renova-se seu vigor, escorre-lhe o suor pegajoso que aduba a terra pingo a pingo, mirrando suas forças. Mesmo assim, inclina-se sobre as pernas, abrindo a marmita, degusta o bolo compactado de feijão, farinha e o próprio caldo da cana e faz descer goela abaixo, a bóia fria preparada na noite anterior.

Final da tarde, o mulato parrudo e musculoso, já encontra-se fraco, cansado. Olha em volta com a serenidade dos que sabem distinguir latifúndios e terras que possui nas unhas dos dedos calejados, deformados. É hora de fazer o percurso de volta, mete-se no pau-de-arara e faz a viagem de volta em silêncio, pensativo, lembra do galo, aquele lá pelo menos, descansa em paz.

O caminhão despeja-os onde foi buscá-los. Há tempo ainda para desafogar as mágoas. Pára na bodega da esquina, mergulha no esquecimento o que de direito lhe foi usurpado, entorna algumas lapadas de aguardente de cana, que ironicamente ajudou a produzir. Ao chegar em casa, é recebido festejamente pela molecada e recebe deles, o abraço sem igual. Sacodem-se em seus braços, brincam alegremente. Assim a vida segue até quando Deus quiser!

Genésio Cavalcanti
Palmares, hoje e sempre!

Fotos Antigas de Palmares- Pe

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Encontrei essa relíquia em um álbum que sobreviveu das enchentes. São fotos antigas de Palmares. Uma verdadeira viagem no tempo em que a Terra dos Poetas era um mar de rosas.






Esquina da rua Cel. Izácio
Colégio N.S. de Lourdes
Cadeia 
Engenho Paú
Engenho Verde
Estação Ferroviária

Clube Literário

Grupo Escolar José Bezerra
Praça Ismael Gouveia
Praça Maurity
Praça Dr. Paulo Paranhos
Catedral
Rua Visconde do Rio Branco- Rua Nova
Praça de Santo Amaro
Subida da Estação
Rua Diário de Pernambuco
O velho Una
Prefeitura -1930
Personagens dessa história-
Mercado Público
O Redondinho -Praça Maurity



Palmares, a memória que resta

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 Ainda nem sei o que fazer da minha vida. Voltar para Palmares e viver neste caos em que se encontra nossa cidade, ou tentar começar vida nova em outro lugar. O melhor é ter calma e esperar a poeira que ficou da lama das enchentes baixar.

"Do rio hoje apenas vê-se o seu completo assoreamento, quase completamente inexistindo nos períodos de verão, ressurgindo nos períodos chuvosos com intermitentes transbordamentos os mais violentos, invadindo tragicamente todos os municípios que se encontram às suas margens.
  Nesta parte convém registrar os descasos constatados em todas as extensões pluviais do país, creditando-se às administrações públicas desastrosas pelo completo desrespeito histórico e aos sobreviventes moradores dessas áreas abandonadas". 

  Por Luiz Alberto Machado


Palmares, terra dos Poetas

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Quando pequena sempre me emocionava ao ouvir este hino da minha cidade.Nem título de cidadã Palmarense eu tenho,nascí em Recife e vim para cá com dois dias, segundo minha mãe me conta.Acho que minhas raízes ficaram,pois nunca sai daqui.Nas minhas veias corre o sangue dos meus antepassados,bravos trabalhadores que tanto deram seu suor por dias melhores,como é o caso do meu avôGenésio Cavalcanti,dono da Pharmacia São Pedro, onde hoje estamos dando continuidade no mesmo local e mesmo ramo.Sou da Terra das Palmeiras, da cana de açucar, de engenhos e casas- grandes...sou de uma terra de bravos guerreiros, que cansados de batalha, descansam no vale do Rio Una e Pirangi...sou da terra de sonhos e de ideais,de cultura e de grandeza,como cantou Silva Jardim.
Palmares é uma das cidades mais tradicionais de Pernambuco. O nome palmares deriva da grande quantidade de palmeiras que existia na região. O nome também deu origem ao Quilombo dos Palmares, o maior da história do Brasil; embora hoje a região do quilombo
esteja em Alagoas, boa parte dele (que era muito grande) localizava-se em terras da então capitania de Pernambuco; leia mais sobre o Quilombo dos Palmares.
Com a chegada dos trilhos da estrada de ferro sul de Pernambuco, em 1862, a população cresceu consideravelmente. Tendo em vista a posição privilegiada da cidade, a estrada de ferro instalou no local o escritório central da administração, oficinas, almoxarifados e armazéns, tornando Palmares o centro comercial da região.
Palmares foi elevado à categoria de cidade pela Lei provincial nº 1.093, em 24 de maio de 1873, desmembrando-se do município de Água Preta.
Administrativamente, Palmares está constituído pelos distritos sede e Santo Antônio dos Palmares e pelo povoado de Usina Serro Azul.
Anualmente, no dia 09 de junho Palmares comemora a sua emancipação política.
Palmares tem muita história para contar.
Terra dos Poetas famosos, como Hermilo Borba Filho e Ascenso Ferreira,o município possui o primeiro teatro a funcionar no interior de Pernambuco e o terceiro mais antigo do Estado, além de abrigar a primeira loja maçônica de Pernambuco.
Além da carga histórica da cidade, há também um lado mais bucólico. Existem vários atrativos naturais para os visitantes. O município é cercado por muitas águas. Ideal para quem deseja relaxar e tomar banhos de cachoeiras e corredeiras. A Cachoeira da Barragem do Rio Camivô é perfeita para a prática de esportes radicais e para um passeio em família.
Outras opções são as cachoeiras do Caritó e Véu de Noiva. Para chegar lá, no entanto, é preciso muita disposição, já que o caminho é feito entre bambuzais e bananeiras. A Véu de Noiva possui três quedas, sendo a mais alta com 5 metros.

Hino de Palmares

Na conjunção dos seus canaviais,
a alma verde da gleba está latente,
como esperança que riqueza traz,
tornando o solo forte e independente.

Engenhos, casas-grandes lá de outrora,
que existem pelos campos em Palmares,
são marcos a lembrar, somente agora,
as tradições de fases seculares.

Palmares é Canção da Natureza,
- Exortou, certa vez, Silva Jardim. -
É terra de cultura e de grandeza,
no mundo não havendo igual assim!

Os seus dois rios – Una e Piranji,
cujas águas deslizam no torrão,
sempre irmanados, passam por aqui,
a decantar Palmares em canção.

É qual Arcádia, sempre rutilante!
Hipócrene feliz das mais diletas.
Por graça lá do céu edificante
nasceu, assim, a Terra dos Poetas!

É nova Atenas. Honra deste estado.
Aponta ao saber lindo cenário.
Reflete eternas luzes do passado,
nas tradições do Clube Literário.

Salve! Salve! Este solo glorioso.
- Que tendo história, tem belezas mil.
- Que o Brasil já tornou tão orgulhoso,
por ser a nova Atenas do Brasil!

Palmares é Canção da Natureza,
- Exortou, certa vez, Silva Jardim. -
É terra de cultura e de grandeza,
no mundo não havendo igual assim!
Hoje foi reinaugurado o Cine Teatro Apolo,que foi fundado em 1914,estava interditado desde 2001.Patrimônio histórico da cidade, o prédio foi recuperado com recursos da ordem de R$ 2 milhões do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Sustentável da Zona da Mata - Promata, vinculado à Secretaria de Desenvolvimento e Articulação Regional. O espaço tem capacidade para 360 lugares e tem como proposta estar inserido no universo cultural da população da Mata Sul.

Hora de comer, - comer!
Hora de dormir, - dormir!
Hora de vadiar, - vadiar!
Hora de trabalhar?
-Pernas pro ar que ninguem é de ferro!
Ascenso Ferreira


Fonte:
http://minhapalmares.blogspot.com.br/