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Para sempre no meu coração

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Minha mãe aos oitenta anos ganhou um computador. A primeira alegria dela foi rever os filmes clássicos lindos que assistira na sua juventude.
Pianista clássica, dotada de extrema sensibilidade, passava as noites e entrava pelas madrugadas a baixar seus preferidos...
Certo dia, ao chegar em sua casa ela me disse eufórica: - filha, sente aqui quero te mostrar uma coisa!
Ligou o computador e apareceu esse belo filme de guerra. Chorávamos as duas tomadas por emoção...ela radiante me dizia que era o filme mais lindo da vida dela.
Fiquei deslumbrada. A pureza da criança, a melodia, tudo me deixou maravilhada!
Como esquecer aquele dia mágico? Aquele momento lindo em nossas vidas? Só agradecer a Deus por me ter dado esse presente de ter nascido no ventre de uma mulher excepcional. De um espírito de luz com toda certeza!


A tristeza de um Piano

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Nunca pensei que um dia estaria aqui para falar de tristeza, do piano de minha mãe e essa doença horrível, "mal de Alzheimer". Sempre tão lúcida e ativa, devoradora de palavras cruzadas, dona de uma memória espetacular!
Essa doença é realmente algo indescritível ... Foi chegando sorrateira e  acabando com os neurônios e atrofiando o cérebro da minha querida mãezinha .Tenho pesquisado por aqui e li que existem 3 fases: inicial, intermediário e terminal. Minha mãe já se encontra na segunda fase. A fase critica da dependência, do esquecimento quase total do momento presente e é triste vê-la assim definhando e a demência se alojando na cabecinha dela, já não consegue fazer mais nada sozinha, as vezes nos conhece, outras não.
O mais triste é levá-la até a sala da frente onde se encontra o Piano Dorner dela que ganhou com 5 anos de idade e ao sentar no seu banquinho, acaricia as teclas e começa a toca-las e num passe de mágica, "Pour Elise vai invadindo a sala. Por uns momentos, que para mim serão sempre eternos a felicidade invade minha alma... 
Tem dias em que ela está confusa..mas quando chega no piano toca divinamente. Acho que a memória musical é guardada em um lugarzinho especial no cérebro.

Alzheimer, eu te odeio!

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Meu coração ficou apertado demais quando cheguei juntinho a minha mãe e ela olhou para mim como se nunca tivesse me visto na vida.
Eu pensei comigo; calma! É o Alzheimer, já já ela vai lembrar de mim
Ainda bem que foi uma vez só e a sensação que senti foi que a tinha perdido. Sensação de tristeza, medo de acontecer de novo.
Há exatamente três meses minha mãe perdeu seu último irmão e de lá pra cá a cabecinha dela virou uma eterna confusão. Cada dia que passa fica mais dependente e todos os sintomas do mal de Alzheimer tomou conta dela. O neurologista já diagnosticou perda de massa encefálica.
Apesar dos oitenta e oito anos minha mãe sempre foi muito ativa. De inteligência privilegiada nunca deixou uma palavra cruzada faltando nada, porque ela sabia de tudo! Pianista clássica,ela sempre dizia que o piano era como um filho querido!
Já aconteceu dias atrás de sentar no banquinho e ao abrir a tampa do piano não lembrar de música nenhuma e ficou apavorada.
Pergunta sempre o que está acontecendo com ela que não é a mesma pessoa... que a casa não é dela...
Já começou trocando o dia pela noite.
Somos 9 filhos e estamos dando todo o carinho que ela merece... Cuidando dela como ela cuidou de nós pequeninos.
Alzheimer, seu infeliz, deixe minha mãe em paz! Não queremos que ela deixe de tocar o seu piano, esquecer os nossos nomes e esquecer que somos seus filhos!



"À medida que a doença evolui, portanto, fica cada vez mais difícil formar novas memórias, e como consequência torna-se impossível lembrar de coisas simples que ocorreram há poucos minutos ou há poucos dias."
Dr. Norton Sayeg*

"Viver a vida"

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Esse depoimento de superação foi mesmo para fechar com chave de ouro a novela Viver a Vida. Como minha mãe é também pianista,foi com ela que aprendi a admirar o maravilhoso João Carlos Martins. 
Ele sim,  é realmente uma grande superação de vida.Pianista desde os 5 anos de idade,logo descobriu ser um um dos principais intérpretes do maior compositor de música erudita, Johan Sebastian Bach. Em um  jogo de futebol em Nova Iorque quase perde os movimentos da mão direita, quando teve uma lesão com fratura. Com muito esforço e dedicação voltou a tocar. Não muito tempo depois, perdeu novamente os movimentos devido a uma LER (lesão causada pela realização de movimentos repetitivos)  Com o passar do tempo foi ficando cada vez mais com dificuldade de tocar e decidiu parar. Não conseguindo ficar longe do piano foi aprendendo a tocar só com uma mão. Mais uma vez aconteceu uma desgraça. Em um assalto na Bulgária, onde foi realizar um concerto, recebeu golpeadas na cabeça e perdeu novamente o movimento de sua mão. Então daí em diante decidiu ser regente de orquestra.
Maravilhoso e majestoso, ele encanta e emociona todo o seu público. 
Sabe o meu  maior sonho? seria levar minha mãe para assistir um concerto dele e apresenta-lo para ela. Seria simplesmente divino. 
Mas enquanto issso não acontece, vou deixando aqui esse vídeo que deixará minha mamy muito feliz.