A tristeza de um Piano

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Nunca pensei que um dia estaria aqui para falar de tristeza, do piano de minha mãe e essa doença horrível, "mal de Alzheimer". Sempre tão lúcida e ativa, devoradora de palavras cruzadas, dona de uma memória espetacular!
Essa doença é realmente algo indescritível ... Foi chegando sorrateira e  acabando com os neurônios e atrofiando o cérebro da minha querida mãezinha .Tenho pesquisado por aqui e li que existem 3 fases: inicial, intermediário e terminal. Minha mãe já se encontra na segunda fase. A fase critica da dependência, do esquecimento quase total do momento presente e é triste vê-la assim definhando e a demência se alojando na cabecinha dela, já não consegue fazer mais nada sozinha, as vezes nos conhece, outras não.
O mais triste é levá-la até a sala da frente onde se encontra o Piano Dorner dela que ganhou com 5 anos de idade e ao sentar no seu banquinho, acaricia as teclas e começa a toca-las e num passe de mágica, "Pour Elise vai invadindo a sala. Por uns momentos, que para mim serão sempre eternos a felicidade invade minha alma... 
Tem dias em que ela está confusa..mas quando chega no piano toca divinamente. Acho que a memória musical é guardada em um lugarzinho especial no cérebro.

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