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"Aplausos ao Vento"

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Era uma vez uma cidade pequenina, cercada por seu maior rio e algumas montanhas, ela ficava situada num vale chamado "Aplausos ao Vento", esse nome poético tinha sua origem dada pelos primeiros habitantes dessa região. Segundo os mesmos, quem morasse ou estivesse por lá, podia sentir um vento suave e gostoso, bem como, observar o tremular de suas árvores gigantescas (Palmeiras) que ao bailar do vento fazia um barulho harmonioso como se estivessem dando "Palmas aos Ares". As pessoas dessa região levavam uma vida pacata, trabalhavam cultivando o campo, e também negociando seus produtos em uma feira livre ou num pequeno comércio da cidade, uma vez a cada semana. O que chamava a atenção aos transeuntes daquela pequenina cidade era que ela inspirava certa harmonia, dando um tom poético à vida. Muito tempo depois essa cidade foi chamada de "Terra dos Poetas". Assim vivia a população cotidianamente, levando sua vida tranquila, inspirada em sua própria terra. Acontece que a vida das cidades, assim como a das pessoas, não segue sempre um rumo definido ou um caminho reto. A vida tem em si seus altos e baixos, assim como aquela região tinha as suas montanhas. Tudo naquele interior seguia o seu ritmo tranquilo. Mas de repente, em meio a um inverno que parecia comum, se "assolou" sobre aquela região fortes chuvas, por vários dias e longas noites. Isso gerou uma grande enchente que desaguou no maior rio. Esse não suportando tanta água, transbordou e "brutalmente" arrasou toda a cidade. Foram momentos, horas, dias, noites desesperadoras para todos os seus habitantes... A maior parte da população prevendo o que estava por vir, aos sinais das fortes chuvas conseguiu se refugiar nas montanhas daquele vale, outra parte não teve tempo hábil ou força para fugir da morte. Infelizmente, foi uma destruição total das casas, dos animais, das plantações e da vida de muita gente... 
Ao término das fortes chuvas e ao baixar das águas, a população refugiada voltou para ver o que restara de suas casas e dos seus pertences. Diz-se que, o quadro encontrado fora tão aterrorizante que parecia não se ter mais esperança ou vida alguma para se continuar. E registra-se ainda que, embora tenham se passado décadas, as marcas da dor, mas também da esperança/recomeço estão presentes na memória e no coração daquela população. Enquanto as pessoas perambulavam em meio aos destroços do que sobrara, um jovem chamado Luís, encontrou resto de um muro, onde fora uma casa. E nesse muro estava o registro poético da alma da população, que dizia assim:

Por toda a vida
Alguns passaram e outros passarão
Livres com as aves
Malucos com os poetas
Aventureiros sem temor
Recomeçar é o segredo
Eterno da (re)construção do Ser feliz!

Luís movido pelas palavras e pelo sentimento de força que essa lhes dava, foi chamando quem encontrava e apresentando o poema um a um.

Falam os antigos que essas palavras não se foram ao vento, geraram frutos de esperança, de união e de recomeço na população... E assim juntos, pouco a pouco, foram reconstruindo suas casas, seu dia a dia e sua nova cidade que foi chamada de Palmares.


Amaro França // Diretor do Colégio Marista
diretor.janga@marista.edu.br